— Doutor!
— O senhor está lembrado do que se passou entre nós há três anos, logo depois do restabelecimento de D. Emília?
— A que respeito?...
— A respeito da maneira generosa por que o senhor quis recompensar os pequenos serviços que eu...
— Ah! lembro-me!...
— Pequenos serviços, doutor! acudiu D. Leocádia. Um irmão não faria por sua irmã o que o senhor fez por Mila.
— Fiz o meu dever, minha senhora, e nada mais; um simples dever de médico!
— Não! O senhor pode pensar como quiser; mas eu sei que lhe devo a vida de minha filha, doutor. Se não fosse o senhor...
— Que passou vinte e tantos dias, quase sem dormir, não pensando em outra coisa... Cuida que eu não vi o seu desespero quando Mila piorou? E até uma vez...
— Perdão, D. Leocádia! disse eu muito contrariado. A senhora compreende que não vim lembrar o que se passou há tanto tempo para provocar elogios, que não mereço, e que, desculpe, me desagradam sempre.
— É tal e qual: sobre isto não é capaz de ceder. Não o contrarie, mana.
— Está bem, doutor, não se zangue; já me calo — respondeu a senhora com bondade.
— Repito — continuei — , não fiz mais do que a minha obrigação; e, quando recusei a recompensa