graça que esparzia assim para todos. E sofria cruelmente, assistindo aos triunfos da sua beleza.
Ela percebeu, e veio a mim:
— Por que está triste?
— Porque sou egoísta, e não tenho o direito.
Emília sorriu:
— A nossa amizade é uma flor muito suave para este clima da sala. Não lhe parece?... Por força há de sentir aqui.
Fazia uma linda noite, sem luar. As copas escuras das árvores nadavam no azul diáfano, borrifado pela doce luz das estrelas.
Emília recostou-se à janela e, enquanto falava, seus olhos se banhavam na suave limpidez do céu.
— Como está estrelada a noite!... Ali naquele silêncio a alma pode abrir-se; não é verdade? Não há rumor que a assuste, nem esse vapor que abrasa!... Eu gosto da noite!... É mais doce que o dia. É quando eu sinto, quando sei melhor sentir, é à noite; sobretudo nas noites escuras, como esta, em que só há estrelas! O sol me alegra, como a grande claridade das salas, e me anima. Eu creio que as horas, em que sou mais bonita, é ao meio-dia no campo e à meia-noite no baile! Não sabe por quê? Tenho bebido muita luz; a luz é um alimento para mim. Mas a hora em que sou mais bonita, não é a hora em que me sinto melhor, acredite! Na sombra sim, conheço que meu coração é bom. Pareço-me com as