DOM CASMURRO
I
Do titulo.
Uma noite destas, vindo da cidade para o
Engenho Novo, encontrei no trem da Central um
rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de
chapéo. Comprimentou-me, sentou-se ao pé de
mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me
versos. A viagem era curta, e os versos
pôde ser que não fossem inteiramente maus. Succedeu,
porém, que como eu estava cançado,
fechei os olhos tres ou quatro vezes; tanto bastou
para que elle interrompesse a leitura e mettesse os
versos no bolso.
— Continue, disse eu accordando.
— Já acabei, murmurou elle.
— São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tiral-os outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e