DOM JOACUVI NO BRAZIL 277
nao gostava porquanto Ihe pareceu sempre, socialmente, um theatre mesquinho para a realeza tradicional que ella repre- sentava, pela Casa de que descendia e pela Casa a que se alliara. As suas hafoitagoes de recreio, as suas petites maisons foram por isso levantadas em dous pontos dos mais graciosos e romanticos de uma cidade rica em pontos de vista, opu- lenta de formosas situagoes, todas ellas differentes, domina- doras umas, constituidas por morros verdejantes d onde se despenham cascatas, occultas outras em valles sombrios atra- vessados pelos riachos joviaes.
Nao se Ihe dava porem, a Dona Carlota Joaquina, de-
sertar aquelles retiros de saudosas recordagoes e essa natu-
reza de poderosa suggestao, transplantando seus gosos phy-
sicos e moraes para um outro scenario. Nas Juntas de Sevilha
e de Cadiz, nas Cortes hespanholas, nos Cabildos e Ayun-
tamientos americanos, fizeram-se com tal intuito ouvir seus
protestos, rogos e cavillagoes. De tudo se serviu. Nada Ihe
era pessoalmente mais antipathico do que o projecto de ca-
samento de sua filha mais velha Dona Maria Thereza com
o Infante d Hespanha Dom Pedro Carlos, o sobrinho di-
lecto de Dom Joao VI, educado desde os mais tenros annos
na corte portugueza e a quern o Principe Regente, logo que
chegou ao Brazil, nomeou almirante da esquadra portugueza.
Dona Carlota detestava-o, e quando Ihe contaram que a
meza o marido aticava o namoro d esse principe, que Presas
descreve ignorante, grosseiro, desconfiado, de linguagem
ordinaria e nao raro indecenfe, mandando-o trocar frutas
com a Infanta, punha-se furiosa e desabafava em imprope-
rios, chamando Dom Joao de alcoviteiro. O casal nem por
isso foi menos feliz nos dous annos que durou o seu enlace.
Dom Pedro Carlos era o que os Inglezes dizem muito uxo-
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