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288 DOM JOAO VI NO BRAZIL

desejada fnvestidura e legitimar a forcada accessao ao throno.

Sondados os animos aos quaes appellara, pudera a Prin- ceza do Brazil verificar que a idea da sua regencia fora bem acolhida no Rio da Prata pelos notaveis em geral, e sur- gira como urna solugao quasi popular, repudiando-a com vehemencia pode dizer-se que apenas o vice-rei Jacques Li- niers, esse official francez de fortuna a quern a bravura pes- soal e o notavel servigo da expulsao dos Inglezes de Buenos Ayres tinham valido aquella elevada posigao. A lealdade dynastica era um elemento com que se podia ainda contar de seguro nas colonias e, alem d isso, dos que ja sonhavam com a independencia e que mais tarde, descorogoados de terem-na com Dona Carlota, a estabeleceram com a republica, muitos julgavam entao ser mais facil emanciparem-se constituindo uma monarchia que nao desafiasse o grande poderio conser- vador do Rei do Brazil, cem vezes superior ao do Rei de Portugal.

Trez causas indica o confidente Presas como podendo ter influido sobre o Principe Regente para o determinarem bruscamente a retirar a permissao, ja dada a esposa, de em- barcar para o Rio da Prata: as intrigas dos seus validos que, temendo a natureza rancorosa e vingativa de Dona Carlota, nao queriam absolutamente enxergal-a no poder, dispondo de auctoridade e de meios de acgao e sobretudo de retalia- gao; a influencia persistente de lord Strangford que, inter- pretando fielmente as vistas do gabinete inglez e as aspira- goes do commercio britannico, trabalhava de socapa pela independencia da America Hespanhola; por fim o receio que se apoderou de Dom Joao, o qual nao primava pelo denodo, de que a mulher, valendo-se da forga adquirida, pudesse dar

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