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434 DOM JOAO VI NO BRAZIL

E verdade que o gabinete brazileiro consumia muita da sua actividade em arredar a solugao do problema do tra- fico, que se impunha, persistindo a Inglaterra ate a inde- pendencia e o tratado de reconhecimento em urgir a fixacao de um prazo fatal para a terminacao d aquelle commercio. Palmella, em Londres, se nao illudia comtudo, nem dei- xava illusoes ao gabinete do Rio sobre a possibilidade de re mover de todo da arena da discussao diplomatica essa ja ve- Iha mas sempre aguda questao: Esteja V. Ex-, bem per- suadido que, por melhores que sejam as razoes que nos assis- tem, o Governo Britannico nao cessara de empregar todos os meios que estiverem ao sen alcance, sem excluir niesmo os da i- iolcncia, para induzir o nosso a condescender nesse ponto com os seus desejos; e considerando que somos ja agora os unicos que nos achamos em campo para sustentar a conti- nuagao do Trafico da Escravatura alem do anno de 1820, e que os demais Gabinetes da Europa, facilmente se deixam induzir a seguir as ideas philanthropicas quando dellas Ihes nao resulta prejuizo, creio que nenhum objecto merece mais, do que este, de ser tornado por S. M. em mui seria consi-

deraqao, So pretendo annunciar que, vista a certeza

quazi completa que devemos ter de que tarde ou cedo nos veremos obrigados a ceder, convem desde ja anticipar as me did as necessarias para que essa rezolucao final seja o menos nociva que possivel for para os interesses do Bra zil" (i).

Mais de uma vez assim se manifestou com sua habi tual lucidez, o embaixador de Dom Joao VI em Londres, tentando abrir os olhos a sua corte: "Julgo-me na conscien-

��(1) Corvesp. reservada de Palmella, anno de 1819 (Officio a Thomaz Antonio do Villa Nova Portugal) no Arch, do Min. das Rel. Ext.

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