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DOM JOAO VI NO BRAZIL 535

1804 para ministro dos negocios estrangeiros e da guerra, e depois, cumulativamente, do reino, cargos que exerceu por trez annos, perdendo-os com a invasao franceza, da qual quizeram os inimigos, D. Rodrigo de Souza Coutinho a frente, tornal-o responsavel, denunciando-o como nimia- mente affeigoado as ideas liberaes, que o Imperio symboli- zava.

Dom Joao VI teve sempre o excellente e raro costume entre soberanos, expressao da sua natureza generosa, de nao repudiar os servidores leaes e de merecimento pelo facto de serem accusados pela opiniao ou perseguidos por adversa ries. O ostracismo a que a ascensao do partido inglez con- demnou Araujo, nao o fez exilar do Conselho d Estado, a cujas sessoes continuou a assistir, nem o privou de rece- ber gra-cruzes e outras demonstracoes honorificas da es- tima regia, culminadas pela merce do titulo. De 1808 a 1814 o afastamento do poder deu-lhe porem seis annos de lazer politico, que outros nao tiveram a dita de possuir e que elle empregou no aprofundar seu vasto, quasi ency- clopedico saber, interessar-se pela industria da serraria, fa- brico da louqa e outras muitas manufacturas, fundar so- ciedades, mandar fabricar modelos industriaes, propagar o ensino e disseminar o amor das cousas uteis ao progresso na- cional (i).

Como nunca cessou de ter velleidades de praticar as lettras, ao mesmo tempo que fazia diplomacia ou industria, traduzia odes de Dryden, hymnos, odes e elegias de Gray, e ate odes de Horacio n uma versao que Filinto Elysio, sen pensionista, commensal e amigo, a quern albergou carinhosa-

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