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Página:Dom João VI no Brazil, vol 2.djvu/421

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DOM JOAO VI NO BRAZIL 985

a projectada Acaclemia. Nao obstante, no dizer do minucioso e indulgente chronista Padre Luiz Gongalves dos Sanctos, correram soberbas as festas organizadas com os meios de que dispunha o senso esthetico da colonia, antes de que os es- trangeiros introduzissem no Brazil o sentimento artistico de que careciam mesmo, para Ihes dar relevo a uncc/io reli- gtosa, os pintores de telas para egrejas que, com a animagao a tudo emprestada pela corte, deram em descobrir suas voca- Qoes, achando-lhes destine nas decoragoes de novos templos e no embellezamento dos ja existentes.

E verdade que Luccock, mais viajado e mais desabu- sado que o padre, considerou pueris e absurdas as festas de 1 8 10, o que parece mais exacto. Nenhum ridiculo haveria, pode crer-se, no bando que sahio a ler a populacao o edital da Camara contendo a nova do consorcio e o convite ao jubilo nacional, com a comitiva dos officiaes do Senado, montados e deixando fluctuar suas capas bandadas de seda branca e seus chapeos de plumas brancas, e o sequito dos criados do Pago conduzindo pela redea ginetes ornados de fitas e pennachos, e tres azemolas carregando fogos de ar. Tampouco seria ridiculo, pizando as ricas alcatifas da Persia que cobriam o estrado dando passagem do Palacio para a Capella, o cortejo nupcial, o primeiro da realeza brazileira, formado nas salas forradas de damasco, sob os lustres de crystal, e desfeito a porta onde o aguardavam bispo e cabido paramentados de branco, para de novo se constituir a luz das tochas empunhadas pelos mo^os da camara e ao som das salvas e descargas que abafavam os instruments de. sopro das musicas regimentaes.

Onde resumbrava o mau gosto era na fachada de archi- tectura erigida fronteira ao mar e representando um fundo

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