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ECHOS
Feliz no termo do dia,
É quem um'alma tem morna;
Onde essa melancolia
Dôce, o crepusculo entorna;
Mas quem no peito vehemente
Palpitar continuo sente
Abrasado o coração,
Quem tóca, amando, á loucura,
No que tu achas ventura,
Não póde achar-te razão!!
Quando o sol no firmamento
Mais brilhante resplandece,
Diminuir o tormento
Em nosso peito, parece;
Esse tumulto do dia,
Tão despido de poesia,
Como qu'impede o pensar;
Do negro fel da desgraça
Não esgotamos a taça,
Que o seu calor faz secar.
Como, pois, grande Poéta,
Póde fruir dôce calma,
Quem, co'a noite ervada séta