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ELUCIDÁRIO MADEIRENSE - VOLUME I

navegador português, Heredia .

Voltando das Molucas, ficou António de Abreu como capitão de mar em Malaca, e auxiliou eficazmente a defesa dos portugueses contra tentativas de reivindicação dos antigos possuidores desse território, expulsos por Afonso de Albuquerque.

Regressou pouco depois ao reino, e tornou à Índia em 1526, nomeado capitão-mor de Malaca. Teve de invernar em Moçambique, e chegou no ano seguinte a Goa, onde encontrou as discórdias que se travaram entre Lopo Vaz de Sampaio e Pedro de Mascarenhas. Tomou o partido do primeiro, e até o auxiliou com dinheiro do Estado que trazia na sua nau. Figurou, porém, entre os mais moderados desse partido, e instou muito com Lopo Vaz de Sampaio para que não postergasse no debate com o seu competidor as fórmulas da justiça. Quando se resolveu que doze fidalgos, nomeados seis por cada contendor, decidissem a questão, foi António de Abreu um dos juízes escolhido por Lopo Vaz. Distinguiu se muito em Malaca, quando governador da Índia D. Estevão da Gama.

Foi António de Abreu o único madeirense que verdadeiramente se tivesse distinguido como navegante e descobridor, deixando nome aureolado na história dos nossos descobrimentos marítimos. E todavia esse nome é quasi desconhecido neste arquipélago, sendo bastante para lamentar que cousa alguma recorde entre nós a existência deste ilustre filho da Madeira. É de supor que ainda justiça seja feita, reparando se a falta que vem de séculos.

Fica aí a súmula do que se acha exposto em vários escritores acerca do guerreiro e navegador António de Abreu, corroborada pelos dizeres de alguns antigos nobiliários madeirenses, que o consideram como nascido nesta ilha e pertencente às nobres famílias dos “Andrades” e “Abreus”. Nos volumes I e IV da importante publicação Arquivo Histórico da Madeira, contesta se a certeza dessa naturalidade com valiosos argumentos, que fazem suscitar dúvidas no espírito do leitor. Aqui o deixamos consignado, como uma simples indicação para aqueles que pretenderem averiguar melhor a veracidade dessa afirmativa.

Abreu (Conselheiro Francisco António de Freitas e). Oriundo de antigas e distintas famílias madeirenses, nasceu o conselheiro Francisco António de Freitas e Abreu na freguesia da Ponta

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