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do volume 51 da obra referida. Também concorreu com alguns subsídios para a obra de Henrique Seco, Memórias do Tempo Passado e Presente.

Faleceu o conselheiro Francisco António de Freitas e Abreu nesta cidade, a 17 de Novembro de 1913, tendo revelado até o fim da vida um grande amor pelos estudos históricos, a que especialmente se dedicava. O Heraldo da Madeira de 18 de Novembro de 1913 inseriu um desenvolvido artigo biográfico deste distinto madeirense. Abreu (D. Isabel de) D. Isabel de Abreu era filha de João Fernandes do Arco e de D. Beatriz de Abreu, que foram dos primeiros colonizadores do Arco da Calheta e ali tiveram muitas terras de sesmaria. Eram naturais do continente e tinham foros de fidalgos, que transmitiram a seus descendentes.

As antigas crónicas madeirenses ocupam se de D. Isabel de Abreu, por haver sido a principal protagonista dum drama que na época deveria ter causado a mais extraordinária sensação, para que os contemporâneos e ainda os vindouros se tenham referido a ele com tanta largueza. Eis o caso: D. Isabel de Abreu, que era viúva de João Rodrigues de Noronha, filho do terceiro capitão donatário do Funchal, Simão Gonçalves da Câmara, vivia na sua casa do Arco da Calheta, possuidora duma avultada fortuna, quando António Gonçalves da Câmara, sobrinho do mesmo capitão donatário que ali morava próximo, se introduziu violentamente e deshoras nas casas de D. Isabel com o fim de a levar a contrair casamento com ele. D. Isabel conseguiu convencer António Gonçalves da Câmara da inconveniência duma proposta de casamento em tais condições, e on vidou o a comparecer no seguinte, para se tratar entã das formalidades do matrimónio, a que ela de boa mente acederia. Fez se António da Câmara acompanhar duma comitiva de cerca de cinquenta cavaleiros da Ponta do Sol e Ribeira Brava e dirigiu se, a casa de D. Isabel, que, no dizer dum cronista, se fez "forte em suas casas com sua gente que muita tinha e achando se António Gonçalves zombado, injuriado e afrontado se tornou para sua fazenda, embarcando se dali a poucos dias para Lisboa".

Decorridos alguns anos, voltou António Gonçalves da Câmara à sua casa da Madeira sem perder de vista o velho intento de casar com D. Isabel de Abreu. Dirigindo se esta à vila da Calheta, em companhia de alguns parentes, e passando em frente da moradia de António Gonçalves, tomou este as rédeas do cavalo em que

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