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Cala a tarde.

Amália e Hermano sentados no jardim, contemplavam em silêncio as esplêndidas decorações, que os arrebóis desfraldavam no horizonte sobre as encostas da montanha.

A moça afinal curvou a fronte e cerrando a meio os cílios para concentrar-se disse ao marido:

— Ainda havia neste mundo uma felicidade para mim, Hermano: e essa não lhe custaria o menor sacrifício.

O olhar do mando interrogou-a: ela respondeu com a voz súplice;.

— Não me pode dar o seu amor; bem o sei, e não o exijo; mas a sua amizade, sua confiança, por que motivo a recusa a quem não tem outro pensamento senão a sua felicidade? Não lhe mereço nem esta prova de estima?.

Hermano quis interrompê-la: ela não consentiu:

— Não poderíamos viver como dois irmãos que se querem, e se amparam mutuamente nas suas tristezas e infortúnios? Por que há de ter segredos