um tanto abstrata, mas original e encantadora. Hermano dissera uma vez à mulher:
-- Um filho é uma porção de nós que se destaca para formar outro eu. Nós, Julieta, nos queremos tão exclusivamente, e nos possuímos com tanta ânsia, que nenhum quer perder do outro a menor parcela, ainda mesmo reproduzir o nosso ser.
A mulher aplaudia esta explicação, que ela primeiro balbuciara sem poder exprimi-la; e o egoísmo cheio de enlevos desse amor inexaurível substituía para o feliz casal o outro penhor que a sorte lhes negara. Todo esse encanto, a asa negra do infortúnio o apagou em um momento. Hermano perdeu a mulher; e a perdeu justamente quando sua união ia ser abençoada com um filho.
Um aborto levou Julieta. Suas últimas palavras ao marido foram estas que ela proferiu antes de perder o conhecimento:
-- Minha alma não podia separar-se da tua, Hermano.
Desde esse momento o marido caiu em um letargo profundo, que o conservou alheio ao que se passava. Esse estado que se assemelhava à idiotia durou por muito tempo. O Dr. Teixeira, amigo de infância de Hermano,