nenhuma atenção prestava ao quadro. Não obstante prodigalizei elogios ao desenho, ao colorido, à criação do grande pintor. —Não; não é isto!... disse-me ele. Mas tu não podes compreender a beleza que este quadro tem para mim?. Eu percebi que ele achara nessa imagem uma reminiscência de sua Julieta.
— Ora, descobriu-se afinal a fênix dos maridos! exclamou Amália com uma risada expansiva dirigindo-se à amiga. Nenhum poeta até hoje, que eu saiba, animou-se a inventar um Penélope masculino. Estava reservada esta glória ao Dr. Teixeira.
— Antes de mim um poeta, e dos mais ilustres, criou esse no Frei Luís de Sousa, que a senhora talvez não conheça, porque é escrito em nossa língua.
—Até o vi representar, o que deve parecer-lhe ainda mais admirável, depois que os senhores fizeram do Rio de Janeiro um pequeno Paris de bulevar. Mas esse marido que voltou ao cabo de vinte anos de exílio foi o amor da mulher que o trouxe, ou a lembrança da pátria, a saudade de seu velho Portugal?
— Não se lembra de seu desespero por encontrar a mulher unida a outro? É uma das cenas mais tocantes.