Ela, que dias antes ria do espiritualismo de Henrique Teixeira, a propósito do amigo, enlevou-se depois numa ideologia ainda mais abstrata; e achava simples, naturais, evidentes, os fatos que sua imaginação fantasiava. Julgara a princípio uma demência, essa ilusão em que vivia Hermano. Entretanto que exagerava agora aquele fenômeno moral, e atribula uma intenção misteriosa aos menores incidentes.
Por quem Amália, porém, mais se interessava era pela pessoa que já não existia: pela mulher que Hermano amava. Ela a considerava já como uma irmã sua; evocava a sua imagem; falava-lhe, e ficava contente de vê-la feliz por ter inspirado ao marido aquele amor indelével.
Avivava-se-lhe o pesar de não a ter conhecido, e de não lembrar-se de suas feições. Desejava tanto contemplar-lhe a beleza, ainda que fosse de memória! Hermano possuía necessariamente um retrato fiel de sua Julieta. Que não daria ela para vê-lo?
Essa mulher que havia merecido um amor tão puro, completamente desprendido dos interesses e misérias sociais; que expressão, que encanto especial, que magia celeste possuía a sua beleza! Às vezes Amália tinha uma vaga reminiscência