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À noite fechada Amália via através da folhagem brilhar a luz do gás nas janelas que ela sabia serem as dos antigos aposentos de Julieta; nessa ocasião murmurava:

-- Está junto dela.

Recordava-se então da vez em que os vira ali outrora; dos beijos que Hermano dera na mulher, e do rubor da noiva quando percebeu que alguém os espiava, e que ria de sua ternura. Nesses momentos repreendia-se por aquela travessura de criança, de que se envergonhava.

Henrique Teixeira lhe dissera que esses aposentos ainda estavam como Julieta os deixara. Que vontade não tinha de os ver de novo, e agora que podia melhor apreciá-los! Às vezes dirigia-se para o terraço donde antigamente espreitava os noivos. Mas a delicadeza de seus sentimentos a retinha. Repugnava-lhe espiar a casa alheia, e abaixar-se a essa curiosidade leviana.

Notou, porém, que as rótulas estavam constantemente fechadas; portanto ela podia sem indiscrição aproximar-se dessas janelas. Para quê? Para estar mais perto, para ter uma esperança vaga e ilusória de ver aquilo que fugia de olhar.

Em uma noite cálida e abafada, a moça recostada à leiva de grama, fatigava, como de costume, os seus belos olhos em distinguir umas