os lábios. Mas não foi nada disto o que feriu a alma da moça, quando a veneziana aberta patenteou-lhe aquela cena.
Em face de Hermano e também sentada como ele, Amália viu, cheia de espanto, uma mulher. Era moça e de rara formosura. Na posição que tomara, o seu talhe moldado por um vestido simples e justo, de seda azul à princesa, desenvolvia-se com um garbo indefinível.
A madeixa de cabelos negros sombreava o níveo fulgor do semblante, cujo delicado perfil pareceu a Amália ser talhado em um jaspe macio e diáfano, tão suave era o tom dessa carnação.
Descansava sobre a mesa um dos braços, cuja perfeição estética aparecia no esvazado da manga, e tinha a fronte ao de leve reclinada para a espádua, como uma flor que se realça para haurir a luz e os orvalhos do céu.
Amália compreendeu essa expressão de êxtase.
Pensou que a moça interrompera o seu trabalho de florista para embeber-se no encanto de ouvir as palavras de Hermano, o qual também abaixara o livro para contemplá-la e encher-se de sua beleza.
Do primeiro relance Amália não viu senão uma maulher naquele aposento, que pertencia a Julieta; não sentiu senão o golpe de tão indigna profa