Página:Eneida Brazileira.djvu/113

Wikisource, a biblioteca livre

Passêa em face pelas aras pingues;
Sagra o dia a oblações; consulta, as rezes
Pelos peitos abertas, respirantes
Entranhas, congoxosa. Ai! nescios vates!
70Delubros, votos, á paixão que montam?
Roe as medullas molle flamma, e a chaga
No amago vive tacita. A raínha
Arde insana, e infeliz vaga a cidade;
Qual cerva, a quem de sibilante setta,
75A atirar o pastor nos cressios bosques,
Varou de longe incauta, e inscio o volatil
Farpão lhe prega e deixa: ella na fuga
Discorre as selvas e dictéas matas;
A lethal canna ao lado se lhe aferra.
80Ora o guia entre as obras, e as riquezas
Tyrias e prestes a cidade ostenta:
Vai fallar, e se atalha a voz troncando;
Ora, o Sol descahindo, á mesa os casos
D’Ilio outravez sem tino ouvir demanda,
85E da narrante bôca outravez pende.
Já retirados, quando á Lua obscura
Encolher toca o lume e somno infundem
Cadentes astros, só na vacua sala
Mesta ao sofá se encosta em que elle esteve:
90N’ausencia o escuta e o vê n’ausencia; ou tendo
No gremio Ascanio, enleva-se na imagem
Do pae, como illudindo o amor infando.
Nem medram tôrres, nem se exerce em armas
A mocidade; os portos não concertam,
95Nem, defensas da guerra, os baluartes;
Impendentes merlões, fábricas param;
Já não labora a máchina altaneira.
Tantoque a persentiu da peste iscada,
Sem á paixão a fama obstar, Saturnia,
100Cara espôsa de Jove, nestes termos