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Página:Eneida Brazileira.djvu/158

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Quando os cursos termina e os dons reparte:
«Agora quem valor no peito encerra,
Sus, os braços levante, as mãos ligadas.»
Então propõe dous premios da peleja:
385De ouro coberto e fitas, um novilho
Ao vencedor; fino elmo e fina espada,
Ao vencido confôrto. Sem demora
Dares, entre murmurios e alvorôto,
Sahe a terreiro, válido e robusto:
390He quem sohia combater com Páris;
E a Butes giganteu, que vir de Amico,
Rei de Bebrycia, invicto blasonava,
Junto á campa do excelso Heitor ferindo,
Moribundo o estendeu na fulva arêa.
395Tal o campião se ostende: espadaúdo,
Alta a cabeça, alterno os braços tesos
Esgrime, e açouta os ares com punhadas.
Buscam-lhe um contendor: nenhum de tantos
Ousa contra o varão travar dos céstos.
400Triumpho pois cantando, aos pés de Enéas
Ficou; sem mais detença, ao touro os cornos
Da esquerda ferra e diz: «Se a contrastar-me
Ninguem, filho da deusa, aqui se afouta,
Que me retem? que espero? O touro ordena
405Me conduzam.» Nos seus lavra um sussurro,
Querem que se lhe entregue. Eis vôlto Acestes
A Entello ao pé sentado em leito hervoso,
Turvo o acoima e aguilhoa: «O’ dos antigos
Tu fortissimo heroe, soffres, Entello,
410Que premios taes se levem sem combate?
Onde Eryx, nosso deus, frustrado mestre,
Onde o renome teu, que enche a Trinacria,
E os cem trophéos que nos salões penduras?»[1]
«O medo, retorquiu-lhe, o amor da glória
415Não me embotou; mas tardo gela o sangue,

  1. No original faltam as aspas aqui.