Página:Eneida Brazileira.djvu/264

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Na Eolia emquanto o Lemnio os aferventa,
A alma luz da cabana a Evandro acorda,
No tecto matinaes cantando as aves.
Enfia a tunica, as sandalias tuscas
455Ata ás plantas o velho; e, a tiracollo
Tegéa espada, lança do hombro esquerdo
E sobraça uma pelle de pantera.
Marcham dous cães fiéis, que a porta guardam,
Pós seu dono. Em descargo da promessa,
460O ancião buscava o camarim de Enéas;
Que tambem madrugara e já sahia:
A um Pallante acompanha, ao outro Achates.
Juntas as dextras, no salão do meio
Sentam-se, e francamente emfim se explicam.
465El-rei começa: «Ó mór dos phrygios cabos,
Livre estás, por vencida eu não dou Troia.
Para um tal nome he fraco o auxílio nosso:
Cá tusco rio, lá me aperta armado
Circumsonando o Rutulo á muralha.
470Mas bons guerreiros e opulentos reinos
Alliar-te vou: dos fados conduzido,
Conjunção tens aqui para salvar-te.
Não distante, em vetustos alisserces
De Agyla, outrora a brava gente lydia
475Fundou cidade nos etruscos serros.
Florente prosperava, até que veio
Mezencio, máo tyranno, a subjugal-a.
Porque assassinios taes e atrocidades
Refirirei? Sôbre elle e os seus recaiam!
480Vivos ligava a mortos, contrapondo
Mãos a mãos (que tormento!) e bôca a bôca,
E em triste abraço e putrida sangueira
Nesta agonia longa os acabava.
Lassos porêm da infanda crueldade,
485Munidos cidadãos cercam-no em casa,