Cada esquadrão por sorte expõe-se aos muros,
E se reveza em postos arriscados.
Era de um sentinella o Hyrtacio Niso,
Valente, agil, perito em dardo e setta,
175Que Ida fragueira a Enéas deu por socio.
Com elle estava Euryalo: um mais lindo
Não houve que vestisse arnez troiano;
Sombreava-lhe o buço intonsas faces.
Ternura os une; á lide a par correndo,
180Então a mesma porta ambos velavam.
«Euryalo, diz Niso, um deus m’o inspira,
Ou quemquer chama deus o ardor que o punge?
A emprehender um combate, um feito insigne,
Me excita a mente; inquieta-me o repouso.
185Nota a fiducia: os lumes quasi mortos,
Com somno e vinho os Rutulos prostrados,
Reina á larga o silencio. Ouve o que n’alma
Fermento e cuido: anhelam por Enéas
Senado e povo, e quem lhes traga novas
190Cogitam; se o meu premio te asseguram
(Fique-me a fama), ao pé daquelle outeiro
Achar posso o caminho a Palantéa.»
Da glória estimulado, absorto o joven
Impugna o acre amigo: «E tu me enjeitas!
195Abandonar-te eu, Niso, em dubio lance!
Nem tal meu pae, o marcial Opheltes,
Criou-me em terror graio e troicas lidas,
Nem tal me houve comtigo, dêsque abraço
Do eximio cabo a sorte. A luz desprézo,
200E da que esperas honra em trôco a vendo.»
Niso então: «Assim Jove, ou deus propício,
A ti me torne ovante, que o teu brio
Não me he suspeito, nem podia sel-o.
Mas, se algum (riscos tantos considera),
205Se algum nume ou revez me descaminha,
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