Saltar para o conteúdo

Página:Eneida Brazileira.djvu/351

Wikisource, a biblioteca livre

Sem trabalho, as catervas derrotadas;
Sôbre o corpo chasquêa: «Que! Tyrrheno,
Crêste que monteavas? chega o dia
Em que hasta mulheril te abata as roncas;
665Porêm, não leve glória, aos patrios manes
Conta que de Camilla ás mãos succumbes.»
Rompe a Orsílocho e Butes, dous gigantes:
Entre o casco e a loriga a ponta em Butes
Crava, onde ao cavalleiro brilha o collo
670E á séstra o escudo pende; em grande gyro
Do outro fugir simula, e mais por dentro
Corta as vóltas, seguindo o que a seguia:
Eil-a, alçada, a secure em armas e ossos
Mette ao varão que implora, os golpes dobra;
675Quente no rosto o cérebro se esparge.
Com ella topa, estupefacto embaça
Do apenniniculo Auno o pugnaz filho,
Ligure em tretas guapo, emquanto poude.
Vendo que sem remédio era o combate,
680Poisque instava a raínha; ardis e astucias
Comsigo meditando, assim começa:
«Em ligeiro frisão, mulher, te fias?
Não fujas, de mais perto em livre campo
A pé vem pelejar: saberás presto
685A quem seja damnosa a fofa glória.»
Dice: ella em furia, accesa em dôr austera,
Dando o ginete á sócia, a pé galharda,
Ferro nu, puro o escudo, igual o espera.
Elle, o dolo efficaz julgando, abala,
690Torce a brida na pressa, e com ferrado
Calcanhar o quadrupede esporêa.
«Ligure fanfarrão, de balde ufano,
As patrias artes lúbrico tentaste;
Salvo a teu pae a fraude não te renda.»
695Nisto, ígnea a virgem com velozes plantas