Página:Eneida Brazileira.djvu/356

Wikisource, a biblioteca livre

No ignito pó gemendo, os seus o esquecem;
E Opis libra-se, adeja á casa etheria.
Morta a raínha, a leve turma foge;
Fogem Rutulos, foge o mesmo Atinas;
840Chefes e esquadras, por salvar-se, ao muro
Em confusão galopam destroçados.
Ninguem resiste aos sitibundos Phrygios
E aos letíferos dardos: mal sustentam
Os bambos arcos nos languentes hombros;
845No trote o chão pulvéreo as patas batem.
Volve ás muralhas turbida caligem;
E dos balcões, os peitos lacerando,
Aos céos clamor femíneo as mães levantam.
Os que attingem primeiro as francas portas,
850Baralhado o inimigo os acabrunha:
Ao patrio umbral, da morte não se evadem;
Em seus lares expiram traspassados.
Parte, os portões cerrando, abrir não ousa,
Nem recolher os socios que o supplicam:
855Dos que prohibem, dos que entrar forcejam,
Nasce triste matança; atroz conflicto!
Os de fóra, ante os paes e as mães chorosas,
Uns, na ância, aos fossos em despenho rolam,
Uns, sôlta a brida, no alvorôto cegos,
860De encontro a hombreiras e batentes marram.
Camilla ao vêrem (santo amor da patria!),
No último transe intrepidas matronas
Das amêas por ferro precipitam
Pértigas, fustes, achas; e as primeiras
865Por morrer na defensa alli se inflammam.
Na emboscada porêm, cruel notícia!
Acca enche a Turno do tumulto ingente:
Que, perdida Camilla e os Volscos rotos,
O hostil próspero marte arrasa tudo;
870Que avança o Phrygio, e o medo ganha os muros.