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Página:Eneida Brazileira.djvu/390

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ao plano, á disposição, e sôbre tudo ao caracter principal..... Um sabio moderno, L. A. Bartenstein, professor em Cobourg, vai mais longe: foram, no seu conceito, os louvores prodigalisados a Augusto e a seu govêrno que determinaram Virgilio moribundo a pedir que queimassem a Eneida; o que explicaria o afôgo do principe em a conservar.» Eu aqui não creio em Mr. Amar, nem em Bartenstein. Não sei como o primeiro acha infinitamente que desejar na Eneida: o que he infinitamente defeituoso não pode ser uma das melhores obras de Homero: he rebaixar em demasia o poeta grego, ou desconhecer a fôrça dos vocabulos. A hypothese de Bartenstein he mais uma das inumeraveis que não tem solida base: Virgilio queria queimar a sua obra só pela razão que os seculos tem acceitado, pela imperfeição do estilo mórmente dos ultimos seis livros. Bartenstein, como he mania de não poucos dos seus, gostava de ser o padre Hardouin, de aventurar conjecturas; e esta sua he derribada pelo poeta, que, no mesmo testamento onde mandava queimar a Eneida, levou a Augusto a quarta de seus bens. — Em vez de ser infinitamente defeituoso o caracter de Enéas, admira como poude Virgilio com tam feliz exito combinar tantas qualidades e virtudes, sem contradicção nem desparate nas acções, descontado o sacrificio de homens no túmulo de Pallante, que na superstição daquelles tempos barbaros tem a sua descarga. O heroe de Virgilio he um de Homero, afeiçoado e moldado na conformidade das idéas progressivas do genero humano.