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Página:Eneida Brazileira.djvu/84

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De escutar ao varão tamanhos casos,
Traspasso o pôrto, praia e naus deixando.
N’aba de um Simois falso, á hectorea cinza
Festim solemne acaso e dons funereos,
315N’um luco fóra, Andrómacha libava,
Os manes evocando ao que de hervosa
Céspide vacuo túmulo sagrara,
E altares dous, a prantear motivo.
Ao destinguir-me e ao vêr troianas armas,
320Se espanta e embaça, attonita desmaia;
Só quando os ossos o calor cobraram:
«Vives? murmura; es tu, divina prole?
Ou se incorporeo nuncio a luz não gozas,
Que he de Heitor?» E inundando-se-lhe as faces,
325De lamento enche o bosque e de suspiros.
Bem pouco respondendo a seus transportes,
Conturbado boquejo em troncas phrases:
«Sim vivo, e a todo o extremo arrasto a vida;
He real quanto vês. Ai! despenhada
330Do inclito espôso a tanto aviltamento,
Como o decoro emfim recuperaste?
Andrómacha de Heitor, inda es de Pyrrho?»
De pejo o rosto abaixa, e em tom submisso:
«Ó só feliz a priameia virgem
335Que immolada morreu sôbre hostil campa
Nos patrios muros! Não provou da sorte
Lance algum, nem captiva a heril alcova
Tocou do vencedor! Nós, Troia em fogo,
De mar em mar rojadas, supportámos,
340Na servidão parindo, o fausto e orgulho
Do Achileo caprichoso; o qual á Espartha
Indo alliar-se a Hermione Ledéa,
Escrava me transmitte a Heleno escravo.
Mas, do roubo da espôsa ardendo em zelos,
345Das furias agitado, o atroz Orestes