queira alçar-nos ou despenhar-nos. Batista nem lhe deu tempo de refletir; era todo desculpas.
— Cinco minutos e está livre de mim, mas verá que lhe pago o sacrifício.
O gabinete era pequeno; poucos livros e bons, os móveis graves, um retrato de Batista com a farda de presidente, um almanaque sobre a mesa, um mapa na parede, algumas lembranças do governo da província. Enquanto Aires circulava os olhos, Batista foi buscar o documento. Abriu uma gaveta, tirou uma pasta, abriu a pasta, tirou o documento, que não estava só, mas com outros. Conhecia-se logo, por ser um papel velho, amarelo, em partes roído. Era uma carta do Conde de Oeiras, escrita ao ministro de Portugal na Holanda.
— É o dia das antiguidades, pensou Aires; a tabuleta, o tinteiro, este autógrafo...
— A carta é importante, mas longa, disse Batista, não podemos lê-la agora. Quer levá-la?
Não lhe deu tempo de responder; pegou de uma sobrecarta grande e meteu dentro o manuscrito, com esta nota por fora: "Ao meu excelentíssimo amigo Conselheiro Aires". Enquanto ele fazia isto, Aires passava os olhos pela lombada de alguns livros. Entre eles havia dois Relatórios da presidência de Batista, ricamente encadernados.
— Não me atribua esse luxo, acudiu o ex-presidente; foi um mimo da secretaria do governo que nunca fez isto a ninguém. Era um pessoal muito distinto.
E foi à estante e tirou um dos relatórios para ser melhor visto. Aberto, mostrou a impressão e as vinhetas; lido, podia mostrar o estilo por um lado, e por outro, a prosperidade das finanças. Batista limitou-