Nóbrega saiu enfim do corredor, mas foi obrigado a deter-se, porque uma mulher lhe estendia a mão:
— Meu senhor, uma esmolinha por amor de Deus!
Nóbrega meteu a mão no bolso do colete e pegou um níquel, entre dois que lá havia, um de tostão, outro de dois. Pegou o primeiro, mas indo a dar-lho, mudou de idéia; não deu o níquel; disse à velha que esperasse, e entrou mais fundo no corredor. De costas para a rua, introduziu a mão na algibeira das calças e sacou um maço de dinheiro; procurou e achou uma nota de dois mil-réis, não nova, antes velha, tão velha como a mendiga que a recebeu espantada, mas tu sabes que o dinheiro não perde com a velhice.
— Tome lá, murmurou ele.
Quando a mendiga voltou do espanto, Nóbrega acabava de restituir o maço à algibeira e ia a querer sair. O que a mendiga então disse veio entremeado de lágrimas: