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BRASILEIRA
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animos vis, que não podem deixar de reputar-se, queiram ou não queiram, muito inferiores aos homens de virtude e de saber. [1] »

Desenganado pelas decepções, vendo desfolhar-se uma a uma todas as suas viçosas esperanças, o illustre sabio almejava refugiar-se na placida serenidade da vida litteraria contra o embate das paixões politicas.

Nem isso lhe foi dado.

Faltava-lhe ainda o ostracismo, o prestigio da proscripção para pôr em relevo seu civismo, e collocar seu nome ao lado dos maiores vultos historicos.

Em sua nobre fronte devia estampar-se o sello severo do infortunio, que assignala em todas as épocas os filhos da liberdade.

No dia 12 de Novembro de 1823 a constituinte foi dissolvida á força armada, e José Bonifacio, o homem que creára uma nacionalidade, foi violentamente preso e deportado para a França em companhia de seus irmãos. [2]

  1. Tamoio n° 5 de 2 de Setembro de 1823, pag. 21. Temos certesa que estas palavras, embora assignadas por pseudonimo, são de José Bonifacio. Foi isso declarado na devassa, a que se mandou proceder contra aquelle periodico.
  2. Deu-se nessa viagem da deportação um incidente notavel, que o Sr. Porto Alegre descreve nas seguintes palavras: « Os acontecimentos occorridos naquella inesperada deportação á bordo do navio que os conduzia, eu tremo de os narrar. A historia ainda não divulgou esse horrivel acontecimento, essa especie de Odyssea, esse naufragio sui generis, essas revoltas, essas traições, essas