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mãos e, abrasado em ardor vivo, tremia ao ver-lhe a pequenina boca entreaberta, o colo túmido, a cinta breve, os finos artelhos agrilhoados nas armilas de ouro.

E o meu prazer era ficar a sós com ela, calado, os olhos fitos no seu rosto, as suas mãos nas minhas, vendo-a trabalhar, sorrir, corar baixando as pálpebras, com a respiração mais apressada e ofegante e rosas mais vermelhas nas faces.

Essa simpatia revezava-se e sempre com o mesmo travo de ódio ao que ficara fora do seu alcance, como se o coração não pudesse conter no afeto duas criaturas e temesse perder a que elegera nas traças de sedução da preterida.

Tal inconstância vexava-me e remorsos pungiam-me depois das repulsas. Então, para remitir-me do que eu julgava ofensa, ameigava-me, atribuindo aos nervos aqueles frenesis que me faziam proceder tão em discordância com o meu sentir. Sempre a resposta — de um ou de outro — era o sorriso e, à compita, redobravam de carinho, desvelando-