O que então senti por aquela criatura, cujo nome tornou-se o motor dos meus lábios, foi um verdadeiro desprendimento do meu ser, uma submissa rendição da alma, que parecia haver transmigrado para o seu corpo, que eu adorava, desde os fios de ouro dos cabelos até a ponta dos pés mimosos que a punham em contato com a terra.
À sua própria sombra, por ser uma expansão do seu corpo, a sua parte há luz, tanto eu queria que, uma vez, juntando todas as flores que perfumavam a câmara e o meu salão, fiz-a ficar de pé, ao sol e fui cobrindo a sombra de seu corpo com flores, de modo a desenhá-lo no tapete da câmara e, à noite, rejeitando o leito, como um noivo que se encaminha para a noiva, deitei-me sobre aquela alfombra e adormeci, apaixonadamente no sonho do meu amor.
Ouvi-la era meu prazer. Vendo-a sentada ajoelhava-me a seus pés e ficava-me perdidamente a contemplar-lhe os olhos, neles revendo-me como na transparência líquida de um lago.