de mármore lampejante que um lustre de bronze clareava com esplendor diurno.
Lá estava a porta do salão com os relevos caprichosos da mais complicada escultura, numa profusa promiscuidade de monstros e deuses trágicos. Caminhei. A dúvida ainda assaltou-me: Como abri-la? Mas diante da porta, tocando-a apenas, de leve, senti-a mover-se, deslizar, girando docemente nos quícios, deixando-me passagem franca para o salão que fulgurava, num esplendor ofuscante de incêndio.
As colunas eram cilindros flameos, cintilando, irradiando com o brilho ardente dos toros inflamados; as molduras esbraseavam; o soalho, alcatifado pelo tapete de cor ígnea, parecia coalhado de lava combusta; e morno, atordoante, em ondas de fumo espesso, subia, impregnava o ambiente o cheiro dos aromatas.
Os incensórios exalavam espiras azuis e eram inúmeros — altos, em tripodes bizarras, em rasas peanhas pousando em garras.