— O quê?
— Este pedido. Que te parece?
— Romantismo. Sorriu e, curvando-se sobre o instrumento, logo um som suavíssimo desenvolveu-se em frase de sugestiva melodia, e ele disse, de olhos altos:
— A música, meu amigo, é uma religião para os que a sentem.
— Que é isto? Perguntei deliciado.
— O tema da Paixão Fatal, de Tristão e Isolda. Interrompeu-se e, tomando um álbum, folheou-o, abriu-o na estante e anunciou. O “prelúdio em mi bemol menor” de Bach. Vale o Gênesis, meu velho. Ouve. É todo uma criação.
Sentou-se conservando-se um momento recolhido, a cabeça para trás, os olhos fitos. Descaindo sobre o teclado atacou o primeiro acorde.
Houve, fora, uma refrega estrondosa na folhagem, um reboliço de ramos farfalhantes. Janelas bateram a uma rajada impetuosa. Um relâmpago fulgurou arrepiadamente.
Mas os sons graves subiam como uma