Página:Esphinge.djvu/175

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a olhar as garabulhas estranhas que o enchiam: linhas revessas, discos, espirais, formas de urnas, crescentes firmados em cruzeiros aspados, signos mágicos, silhuetas de animais como nos hieróglifos egípcios e, folheando-o vagamente, distraidamente, cheguei à última página que uma iluminura floria — uma haste verde de onde se lançava a prumo um lírio airoso e outro pendia murcho e flácido, justamente como no frontispício.

Não havia dúvida — era um símbolo encerrando todo o mistério daquele escrito arrevezado.

Prendiam-se meus olhos às bizarras figurações e fosse ilusão da fadiga ou verdade maravilhosa, todos os caracteres começaram a mover-se lentamente — as espirais desenrolavam-se, alargavam-se como serpentes entorpecidas que se fossem reanimando a um calor suave; os discos bojavam, cresciam em globos e elevavam-se das páginas semelhando iriadas bolhas de sabão; as urnas punham-se de pé; os crescentes iluminavam-se de um livor de luar sobre os negros cruzeiros que