Página:Esphinge.djvu/38

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— Não sei. A noite ia alta, serena e afagante, com o luar cada vez mais alvo como uma flor que se fosse abrindo no silêncio. A aragem fresca meneava os ramos sacudindo as flores fecundas ou virgens que amavam esparzindo aroma ou recebendo germens. O perfume subia como uma voluptuosa serenata: era o hino nupcial das rosas sensuais, o epitalâmio das magnólias e dos jasmins, a divina harmonia das corolas.

Languidamente os galhos inclinavam-se e as sombras negras dos ramos, movendo-se na areia das áleas, eram como vigias de amor, escondendo discretamente o colóquio noturno.

Brandt, à janela, repeliu a frase:

— Quem sabe lá! Pode ser um puro amor espiritual, essa divina, afinidade que estabelece uma corrente de atração entre almas distanciadas, fazendo sair do frio do Norte um homem louro para os braços morenos de uma filha do país do sol. O povo chama a essa força misteriosa — Destino. E por que não — Simpatia? A formosura é uma ilusão