— E já notaste, Frederico, que o rosto de James não tem um só traço viril?
— Rosto de esfinge, meu amigo.
— Dizes bem: de esfinge. Boa noite, Brandt. E obrigado pelo espetáculo.
— Se te agradou, volta. E, à porta, acrescentou: Ainda espero arrastá-lo até aqui. Orfeu domava as feras, sustava o curso dos rios com a sua lira mística. Não é muito que eu avassale uma alma.
— Tens a Arte toda poderosa. Até amanhã. Chegava à varanda rescendente e clara quando o silêncio abriu-se em sons de enternecida e comovedora doçura. Encostei-me à balaustrada, ouvindo. Era o “arioso” de Elsa, a descrição do sonho, o canto humilde da Fragilidade fortalecida pela Fé, à margem do Scaldo, entre a crueldade pérfida de Frederico e Ortruda e a indiferença dos brabanções. De onde vinha? Que voz o espalhava pela noite com tão doce meiguice?
Mas uma exclamação estranha arrepiou-me:
O my soul! Where art thou, my soul..!