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Amei com amôr do Céu
Amei com amôr do inferno,
E se houvera amôr eterno,
Esse amôr seria meu!

Meu peito sentio
Com casto pudor,
As lavas d’amôr,
Qu’as faces tingiu,
Com leve rubôr.

Vi logo nascer,
Com almo prazer,
Em sonhos doirados,
Por Deos offertados,
A vida scismada,
Por vôs inspirada!




Gosava apenas desse amôr fagueiro,
Que tão puro ante mim dissimulaveis,
Com os embustes de mulher sem pejo,
Qu’em troco d’ouro vil rende á infamia
O seu pudôr, a sua vida e honra, —
Quando em tão curto espaço novo amôr,
No peito refalsado acalentado,
Ao outro vossas juras fementidas
Do coração votaveis!…