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ESPUMAS FLUCTUANTES
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Ó somno! unge-me as palpebras.
Entorna o esquecimento
Na luz do pensamento
Que abraza o craneo meu.
Como o pastor da Arcadia,
Que urna ave errante aninha...
Minh′alma é uma andorinha..
Abre-lhe o seio teu.

Tu que fechaste as petalas
Do lirio que pendia,
Chorando a luz do dia
E os raios do arrebol;
Tambem fecha-rae as pálpebras..
Sem Ella o que é a vida?...
Eu sou a flor pendida
Que espera a iuz do sol.

O leite das euphorbias
P′ra mim não é veneno...
Ouve-me,ó deus sereno!
Ó deus consolador!
Com teu divino balsamo
Cala-me a anciedade!
Mata-me esta saudade.
Apaga-me esta dor.

Mas quando, ao brilho rutilo
Do dia deslumbrante.