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ESPUMAS FLUCTUANTES

Mas não trazia o dia! Os homens pasmos
Esqueciam no horror dessas ruinas
Suas paixões. E as almas conglobadas
Gelavam-se n'um grito de egoismo
Que demandava — luz. Junto ás fogueiras
Abrigavam-se... e os thronos e os palacios.
Os palacios dos reis, o albergue e a choça
Ardiam por fanaes. Tinham nas chammas
As cidades morrido. Em torno ás brazas
Dos seus lares os homens se grupavam,
P'ra a vez extrema se fitarem juntos.
Feliz de quem viria junto ás lavas
Dos volcões sob a tocha alcantilada!

Hórrida esp'rança acalentava o mundo!
As florestas ardiam!... de hora em hora
Cahindo se apagavam; crepitando,
Lascado o tronco desabava em cinzas.
E tudo... tudo as trévas envolviam.
As frontes ao clarão da luz doente
Tinham do inferno o aspecto... quando ás vezes
As faíscas das chammas borrifavam-nas.
Uns, de bruços no chão, tapando os olhos
Choravam. Sobre as mãos cruzadas — outros
Firmando a barba, desvairados riam.
Outros correndo á tôa procuravam
O ardente pasto p'ra funercas pyras.
Inquietos, no esgar do desvario.