brais nos bastidores do abysmo, o que resta de vós?
— Uma esteira de espumas... — flôres perdidas na vasta indifferença do oceano. — Um punhado de versos... — espumas fluctuantes no dorso féro da vida!...
E o que são na verdade estes meus cantos?...
Como as espumas que nascem do mar e do céo, da vaga e do vento, elles são filhos da musa — este sopro do alto; do coração — este pelago da alma.
E como as espumas são, ás vezes, a flora sombria da tempestade, elles por vezes rebentaram ao estalar fatidico do latego da desgraça.
E como tambem o aljofre dourado das espumas reflecte as opalas rutilantes do arco-iris, elles por acaso reflectiram o prisma fantastico da ventura ou do enthusiasmo — estes signos brilhantes da alliança de Deus com a juventude!
Mas, como as espumas fluctuantes levam, boiando nas solidões marinhas a lagrima saudosa do marujo... possam elles, ó meus amigos! — ephemeros filhos de minh′alma — levar uma lembrança de mim ás vossas plagas!...
S. Salvador — Fevereiro de 1870.
Castro Alves.