A andorinha, que é a alma — pede o campo,
A poesia quer sombra — é o pyrilampo...
P′ra voar... p′ra brilhar.
Meu Deus! Quanta belleza nessas trilhas...
Que perfume nas doces maravilhas,
Onde o vento gemeu!...
Que flores d′ouro pelas veigas bellas!
Foi um anjo co′a mão cheia de estrellas
Que na terra as perdeu.
Aqui o ether puro se adelgaça...
Não sobe esta blasphemia de fumaça
Das cidades p′ra o céo.
E a Terra é como o insecto friorento
Dentro da flor azul do firmamento,
Cujo calix pendeu!...
Qual no fluxo e refluxo, o mar em vagas
Leva a concha dourada... e traz das plagas
Coraes em turbilhão,
A mente leva a prece a Deus — por perolas,
E traz, volvendo após das praias cerulas,
— Um brilhante — o perdão!
A alma fica melhor no descampado...
O pensamonto indomito, arrojado
Galopa no sertão.
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Aspeto
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ESPUMAS FLUCTUANTES