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Página:Eu (Augusto dos Anjos, 1912).djvu/108

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Os olhos volvo para o ceu divino
E observo-me pygmeu e pequenino
Atravez de minusculos espelhos.
Assim, quem deante duma cordilheira,
Pára, entre assombros, pela vez primeira,
Sente vontade de cahir de joelhos!

Sôa o rumor fatidico dos ventos,
Annunciando desmoronamentos
De mil lagedos sobre mil lagedos...
E ao longe sôam tragicos fracassos
De heroes, partindo e fracturando os braços
Nas pontas escarpadas dos rochedos!

Mas de repente, num enleio doce,
Qual se num sonho arrebatado fosse,
Na ilha encantada de Cypango tombo,
Da qual, no meio, em luz perpetua, brilha
A arvore da perpetua maravilha,
Á cuja sombra descansou Colombo!

Foi nessa ilha encantada de Cypango,
Verde, affectando a forma de um losango,
Rica, ostentando amplo floral risonho,
Que Toscanelli viu seu sonho extincto
E como succedeu a Affonso Quinto
Foi sobre essa ilha que extingui meu sonho!

Lembro-me bem. Nesse maldito dia
O genio singular da Fantasia
Convidou-me a sorrir para um passeio...
Iriamos a um paiz de eternas pazes
Onde em cada deserto ha mil oasis
E em cada rocha um crystallino veio.