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Página:Eu (Augusto dos Anjos, 1912).djvu/133

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Raciocinar! Aziaga contingencia!
Ser quadrupede! Andar de quatro pés
É mais do que ser Christo e ser Moysés
Porque é ser animal sem ter consciencia!

Bebedo, os beiços na amphora infima, harto,
Mergulho, e na infima amphora, harto, sinto
O amargor especifico do absintho
E o cheiro animalissimo do parto!

E afógo mentalmente os olhos fundos
Na amorphia da cytula inicial,
De onde, por epigénese geral,
Todos os organismos são oriundos.

Presto, irrupto, atravez ovoide e hyalino
Vidro, apparece, amorpho e lúrido, ante
Minha massa encephalica minguante
Todo o genero humano intra-uterino!

É o cháos da ávita viscera avarenta
— Mucosa nojentissima de pús,
A nutrir diariamente os fétos nús
Pelas villosidades da placenta! —

Certo, o architectural e integro aspecto
Do mundo o mesmo inda é, que, ora, o que nelle
Morre, sou eu, sois vós, é todo aquelle
Que vem de um ventre inchado, infimo e infecto!

É a flor dos genealógicos abysmos
— Zooplasma pequenissimo e plebeu,
De onde o desprotegido homem nasceu
Para a fatalidade dos tropismos. —