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E eu qaizéra possuir o teu amor — o teu amor, que deve ser como frondejante arvore de sangue dando fructos tenebrosos. O teu amor de Ímpetos de fera nas brenhas e nas selvas, sobre os broncos, graníticos penhascos, na cáustica solar de exóticos climas quentes de raçag tropicalisadas na emoção, porque tu és feita do sol em cbammas e das fuscas areias, da terra cálida dos desertos ermos...

Quizéra possuil-o — inteiro, estranho, eterno, esse amor! E que me parecesse, se o possuísse e o gozasse, possuir e gozar o Mar, ter dentro de mim o oceano coalhado — como a minh′alma está coalhada de sonhos — de navios, dehiates, de escunas, de lugares, galeões, naus e galeras, por uma tormenta avassalladôra em que trovões formidáveis e cabriolas eléctricas de raios phophorescentes, bréchando o firmamento, sacudissem, n′um brusco arrepio procelloso, o túmido eólio crespo e ullulante das Vagas.

Quizéra amar-te assim! E que nesse Mar tormentoso, sob a angustiosa pressão dos elementos, a um cabalístico signal meu, como se absoluto poder me houvesse constituído o Deus terrível e supremo da Terra — hiates, navios, lugares, escunas, naus e galeras, conduzindo toda a humanidade a várias regiões do monstruoso