Ah! como eu a amava, como eu me apiedava
d′ella assim, como me identificava com o
seu sentir, como penetrava nos crepúsculos estrellados
da minli′alma, assim dolente, assim fatalisada,
essa extraordinária Creação dos dolorimentos,
das incoerciveis angustias imponderáveis!
Vencida pela saudade e suggestão evocativa das ondas, ella vagava sempre, sem que ninguém soubesse qual era o seu objectivo secreto... E essa maravilhosa dor como que se ampliava, se derramava, enchia as vastidões do Mar imaginativo, côrtado de lubricidade e tédio, ennevoado de spleen, embriagado de um vinho sombrio e glauco, fascinador, inebriante, atordoativo, de somnambulismos esparsos, sedento da monstruosa, da satânica paixão dos naufrágios, soturnamente cantando, com triumphos d′inquisidor, as elegias das noivas — mais formidável que a Morte!
E enchia, enchia, enchia profundamente o Mar a grande Dor, filtrava-se pelos raios fluidos da luz, diluia-se no cheiro azotado e virginal das marés, ethérificava-se, era essência, éra efl3>uvio de emoção, era gérmen de sonho, perdido no ambiente picante, acre e ácido, das largas, amargas aguas marinhas; éra sensibilidade humana depurada crystalisada, vivida na sensibilidade voluptuosa das ondas, partindo, vagando, errando como aroma