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Página:Evocações.djvu/250

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reflectindo assim sobre o seu busto, desnevoaria, arrancaria mais depressa toda a fatal verdade sobre a nódoa do que apenas a simples chamma dúbia e ammarellenta da doce luz da lâmpada.

E o espelho, no seu fundo glacial de bocca turva, crepusculada, de poço; cova de névoas e treva de onde n′aquella hora se desenterravam todos os seus Aífectos; alma de crystal onde um delicado sentimento de esquecimento e de saudade parecia estar diluído; o espelho, naquella alta hora nocturna dormente e somnolentamente mergulhado na doce luz amarellentada, da lâmpada, lembrava brumoso valle de lagrimas aureolado de luar...

E Maurício revia- se no espelho, consultavao, analysava, commentava, analysava os próprios reflexos e mutismo do espelho; feria a fina corda vibratil dos seus nervos, dos seus sentidos de desiquilibrado, de impotente, monologava cora elles e esse exame tão detalhado, tão minudente, tão penetrante, dava-lhe certa attracção doentia, certa volúpia martyrisante, certa lassi. via de angustia.

Mas, nada. Mesmo ante o espelho elle não distinguia nada nas mãos, nem no rosto, nem em parte alguma do corpo. Estava salvo, effectivamente estava salvo do caprichoso e funesto