excesso attordoador do soffrimento, pelo refinamento da angustia, parecia a Araldo escutar, vibrado longe na limpidez glacial da lua, o seu nome desventurado: — Araldo! Araldo! Araldo!
E essa voz compungida, n’um brado claro, como timbrada em aço, chamava alto: — Araldo! Araldo! Onde estás? Onde estás, Araldo? ! E como que essa voz se reproduzia, se multiplicava, cada vez se approximando mais d’elle: — éra um marulhar de vozes que estallavam, cantavam de todos os lados, subiam dos areiaes mortos, desciam dos infinitos céus, do esplendor fabuloso da lua, bradando: Araldo! Araldo! — vibração deslocada na crystalisação luminosa; Araldo! Araldo!; osculando os areiaes desertos, Araldo! Araldo!; vozes castas, carinhosas, abençoadôras e ternas, aladas phantasticamente atravez do luar tão cheio de miragens, de illusionismos, tão velado de suggestões e gérmens miraculosos.
De toda a parte elle ouvia o mesmo clamôr, chamando-o, procurando-o, buscando-o por toda a parte. E todo esse clamor formava como que um Requiem triste de impaciencia, de inquietitudes, de anciedades, crescendo em mar attroante de vozes, sombriamente: Araldo! Araldo! Araldo!
A sua velha e atormentada cabeça como que accordava então d’aquella peregrinante alluci-