Página:Exaltação (1916).pdf/298

Wikisource, a biblioteca livre
— 290 —

digna de mãos imperiaes. — E Theophilo curvou-se fazendo-lhe uma reverencia.

— Com que orgulho, ella diz isso...— objectou Francisco.

A Senhora de Assis sorriu, e calcando cada palavra, respondeu:

— E´ um dos meus orgulhos, não o meu orgulho...— E seus olhares desappareceram nas pupillas apaixonadas de seu amante.

O seu unico orgulho era o amôr do poeta immortal, do vate glorioso.

— Sempre que passo por aqui, tarde da noite — continuou Theophilo, — afigura-se-me ver, errando por essas palmeiras, o vulto majestoso e branco do velho Imperador.

— Si estivessemos na Allemanha, já haveria, por certo, rumores de lenda, a esse respeito — ajuntou Ladice.

— Si aventares essa ideia, Theophilo, todo Petropolis acreditará, apesar mesmo de seres poeta, observou Francisco. Esse final provocou hilaridade: todos se riram.

Ao entrar na rua 15 de Novembro, Ladice teve a impressão de penetrar em um bazar. Ella provinha de uma rua sombria, mal illuminada, triste, sem movimento. Emquanto esta se mostrava ruidosa, gritante de luz e de variedade de toda a especie nas vitrinas.

— Como esta rua se torna vulgar em a cidade da sombra e da quietude...— exclamou ella.