que dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas, a fim de selarem um pacto de reconciliação.
A ingenua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!
E enternecida disse:
— Pois vou eu mesma selar o acordo.
Partiram. A raposa, á frente, conduziu-a á toca da féra. Entraram. Ao dar com o lobo estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.
— Vamos, disse a raposa, beije a pata do magnanimo senhor! Abrace-o, menina!
A inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!...
— Bem feito! berrou Emilia. Uma burrinha dessas o melhor que podia fazer era o que fez: entrar na boca do lobo. E, além disso, ovelha eu nem considero como bicho...
— Que é, então? perguntou Narizinho admirada.
— E’ um novelo de lã por fora e costeletas por dentro. Ovelha é muito mais comida do que bicho. Não se defende, não arranha, não morde — é só bé, bé, bé... Bem feito! Eu gosto das feras. São batatais. Urram, e é cada unhaço que arranca lanhos de carne do inimigo.
— Mas o ato da raposa você não pode aprovar porque foi traição, disse a menina.
— Isso é verdade. Para uma raposa dessas, só tiro na orelha. Vou fazer uma fabula em que a raposa, em vez de sair ganhando, perde. Uma fabula assim...
E começou a inventar a fabula da “raposa que levou na cabeça”.