A Onça Doente
A onça caiu da arvore e por muitos dias esteve de cama seriamente enferma. E como não pudesse caçar, padecia fome das negras.
Em tais apuros imaginou um plano.
— Comadre irára, disse ela, corra o mundo e diga á bicharia que estou á morte e exijo que venham visitar-me.
A irára partiu, deu o recado e os animais, um a um, principiaram a visitar a onça.
Vem o veado, vem a capivara, vem a cotia, vem o porco do mato.
Veio tambem o jabotí.
Mas o finorio jabotí, antes de penetrar no toca, teve a lembrança de olhar para o chão. Viu na poeira só rastos entrantes, não viu nenhum rasto sainte. E desconfiou:
— Hum!... Parce que nesta casa quem entra não sai. O melhor, em vez de visitar a nossa querida onça doente, é ir rezar por ela...
E foi o unico que se salvou.
— Todas as historias fazem do jaboti uma ideia muito boa, comentou Emilia. Espertos, inteligentes, mil coisas. Mas o nosso lá do pomar mostrou-se bem bobinho.
— Ao contrario, Emilia. Tanto não era bobo que já sumiu.
— Porisso mesmo. Se tivesse ficado aqui, estava no seguro. Nada nunca lhe aconteceria. Mas fugiu — e se foi para os lados do Elias Turco, aposto que dele só resta a casca. O Elias tem cara de gostar muito de jaboti ensopado...
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