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Página:Fabulas (9ª edição).pdf/20

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Viu logo. O Izé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:

— Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega á cidade não é mais a mulinha; é a sombra da mulinha...

— Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal. Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.

Assim fizeram, e caminharam em paz um quilometro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapeu e saudou o pequeno respeitosamente.

— Bom dia, principe!

— Por que, principe? indagou o menino.

— E’ boa! Porque só principes andam assim de lacaio á redea...

— Lacaio, eu? esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho e carreguemos o burro ás costas. Talvez isto contente o mundo...

Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada, acudiu em tumulto, com vaias:

— Hu! Hu! Olha a trempe de tres burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos tres é o mais burro...

— Sou eu! replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho ha uma hora fazendo não o que quero mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a conciencia, pouco me importando que o mundo concorde ou não. Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente...



— Isto é bem certo, disse dona Benta. Quem quer contentar todo mundo, não contenta a ninguem. Sobre todas as coisas ha sempre opiniões contrarias. Um acha que é assim, outro acha que é assado.

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